O seu verde é o mesmo que o meu?
- reversaosmose
- 16 de jul. de 2015
- 3 min de leitura
O verde que você enxerga, é o mesmo que eu enxergo?
Quando olhamos uma árvore, as folhas são verdes, os frutos, por vezes, são vermelhos, e o tronco marrom. Mas, segundo a ciência, isso é pura ilusão.

Para o cérebro as cores não existem, elas são apenas pedaços de feixes de um tipo de energia, conhecida como onda eletromagnética, que nos atinge nos olhos e é INTERPRETADA pelo cérebro como cor. Outros pedaços deste feixe eletromagnético são interpretados como calor, ou simplesmente não são interpretado, sendo ótimos exemplos os Raio-X, que usamos para tirar radiografias dos ossos. Apesar destes Raios-X estarem dentro do feixe eletromagnético, nossos olhos não os veem. O mesmo acontece com as ondas de rádio, que estão dispersas no ar. Essas ondas são todas feitas do mesmo tipo de energia, mas em frequências diferentes. É como um som muito agudo ou muito grave. E mesmo dentro do som temos o chamado ultrassom que não escutamos.
Mas como saber se o verde que você enxerga é o mesmo que outra pessoa enxerga? Como saber se quando olhamos para uma maçã e a dizemos ser vermelha, não temos a percepção completamente diferente do que o outro chama de vermelho, mas mesmo assim chamamos de vermelho porque aprendemos que aquela percepção de cor é o vermelho, e nos entendemos mutuamente?
Sabemos que existem pessoas daltônicas, que possuem disfunções nos olhos que as impedem de enxergar todas as cores. Mas não é este o caso, uma vez que é facilmente comprovável que estas pessoas não enxergam todas as cores que pessoas com olhos considerados normais. O que a pergunta quer realmente saber é se o verde que eu aprendi ser verde, e o qual eu vejo as folhas é o mesmo que você enxerga como sendo o verde das mesmas folhas. Ao nos perguntarmos este tipo de coisa esbarramos em uma das mais difíceis lacunas da ciência. A Lacuna Explicatória. A lacuna explicatória é a impossibilidade de explicar uma sensação.
Digamos que você encontre um alienígena, e você tenha a sorte deste alienígena falar português. E ao conversar com ele, ele te diga que não sabe o que é dor. Como explicar a um ser que nunca sentiu dor como ela é? Você pode descrever todos os sintomas, e o alienígena irá compreender que a dor é desagradável e todos os outros aspectos dela, porém, ele jamais saberá o que é a dor de verdade, pois ele nunca sentiu dor. Essa é a Lacuna Explicatória.
Voltando às cores, se enxergássemos cores diferentes, não haveria problemas em pessoas que acham que algumas cores são mais complementares que as outras, ou que combinam melhor que outras? Mas isso já não acontece? Esse tipo de Lacuna Explicatória só nos mostra o quão sozinhos estamos dentro de nossas mentes.
Quando falamos de mente e percepção, temos que falar da Teoria da Mente. Esta teoria explica a habilidade que temos de atribuir estados mentais a nós mesmos e aos outros, permitindo que se possa atribuir pensamentos, desejos e intenções aos outros, predizer ou explicar suas ações e pressupor suas intenções. Mas essa teoria também mostra o isolamento que temos, pois por mais que entendamos que o outro sinta, enxergue e pense, jamais vamos poder nos por dentro de suas percepções. E isso impede que saibamos se o nosso mundo é tão colorido quanto o do nosso melhor amigo, mas não nos impede perguntar.
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